Atendimento em casa facilita a recuperação
Em determinados casos, quando o paciente está acamado ou encontra problemas de locomoção, o atendimento do profissional de fisioterapia pode ser feito em casa. Ao contrário do que possa parecer, o tratamento domiciliar está longe de ser uma solução caseira e oferece até algumas vantagens se comparado ao tratamento feito na clínica. "Em casa, o tratamento foca a vida diária do paciente, a estrutura, se tem degraus, escada, coisas que podem ser um problema para ele. O atendimento domiciliar possibilita que o profissional ofereça um atendimento mais voltado às necessidades do paciente", explicou a fisioterapeuta Mariana Hernandes Fortes.
Todos os tipos de paciente podem ser atendidos em casa, segundo a fisioterapeuta, mas a maior parte dos que usufruem do tratamento em domicílio são idosos que têm doenças crônicas, como seqüelas de acidente vascular encefálico (AVE), doenças pulmonares obstrutivas crônicas ou doenças degenerativas. "Nesses casos, o fisioterapeuta trabalha apenas com as mãos, não há tanta necessidade de equipamentos. No caso de AVEs, é muito importante o tratamento ser precoce, logo após o evento cerebral e, nesse sentido, o atendimento domiciliar dá muitos resultados", disse. A pacientes ortopédicos de todas as idades com dificuldade de locomoção (casos de fratura de fêmur e artoplastia de quadril, por exemplo) e pediátricos, como crianças com paralisia cerebral, também é indicado atendimento domiciliar.
A proposta de trabalho é voltada para a funcionalidade e recuperação da autonomia do paciente. Ou seja, se uma dona de casa perdeu a força em uma das mãos após um AVE e tem receio de derrubar utensílios na hora de lavar a louça, serão feitas atividades que permitam a recuperação dessa função. No caso de pacientes acamados, pode-se trabalhar rolamentos e, posteriormente, treinar movimentos para o paciente se sentar sozinho. "Cada caso exige uma avaliação criteriosa", observou Mariana Fortes. O atendimento envolve também a família do paciente que recebe orientações específicas para cuidá-lo e, dependendo do diagnóstico, pode ajudar a realizar exercícios.
Mas o atendimento domiciliar em fisioterapia não se restringe a recuperar movimentos perdidos. O trabalho tem um forte caráter preventivo, muito importante se for considerado que a expectativa de vida da população brasileira aumenta a cada ano.
"É um trabalho de promoção de saúde, antes de a pessoa ficar doente. Sem dúvida, é também um atendimento mais humanizado", avaliou a médica geriatra Renata Dip, que coordena o programa Saúde em Casa, desenvolvido pelo Centro Cultural Caravelas (que atua em formação nas áreas de saúde e católica, e é dirigido pelo movimento Opus Dei) em alguns bairros carentes da zona oeste.
restabelecimento Fisioterapia melhorou a vida de Iraci Na cadeira de rodas há sete anos, a dona de casa Iraci Martins de Moraes se beneficia da presença do fisioterapeuta em casa. A paraplegia é uma seqüela de radioterapia, a qual ela foi submetida para tratar uma ferida no útero. Os primeiros sintomas foram uma espécie de fraqueza nas pernas, os movimentos ficaram mais difíceis e ela não conseguiu mais andar. "Para mim, é difícil sair de casa. Quando elas [profissionais do Saúde em Casa] vêm e fazem os exercícios é muito bom", disse. Iraci recuperou parte de sua autonomia, cozinha e lava a louça. "Ficar em pé eu não consigo mais, mas eu me viro bem em casa", disse. Além de passar pelas sessões de fisioterapia, Iraci e o marido, Adebaldo, aprenderam a como fazer massagens e exercícios. Um deles, que Iraci faz sozinha, consiste em laçar os pés com uma toalha e erguê-los. Já Adebaldo colabora com massagens. "Me ensinaram, disseram que é bom fazer para a perna não endurecer ainda mais", explicou Iraci.