A importância do Home Care
O atendimento domiciliar é uma forma antiga de atenção à saúde, porém as exigências para desempenhar este tipo de atendimento eram poucas e estavam relegadas ao plano doméstico e sem caráter técnico-científico. A função mais atual do Home Care é a de prestar assistência ao paciente em sua própria residência, levando até ele condições de atendimento e recursos para a melhor evolução possível do seu quadro clínico, dentro dos limites impostos pela doença e dentro de um caráter técnico-científico.
Comumente, é possível identificar três modalidades de atenção no domicílio. São elas:
(1) a visita domiciliar que é realizada por meio de contato pontual de profissionais de saúde com populações específicas, doentes e seus familiares para coleta de informações, controles e orientações. Essas ações previnem reinternações hospitalares ou evitam o agravamento do estado de saúde, além de proporcionarem segurança e conforto ao usuário e seus familiares;
(2) o atendimento domiciliar que são as atividades programadas e integradas, de caráter preventivo e ou assistencial, com participação de mais de um membro da equipe multiprofissional, no qual são desenvolvidos procedimentos de relativa complexidade, contando com até três horas de assistência oferecida ao usuário no seu domicílio. Geralmente, é dirigido a clientes impossibilitados de comparecer a serviços de saúde para tratamento, porque estão acamados e dependentes de equipamentos específicos;
(3) a internação domiciliar que são as atividades continuadas, com oferta de tecnologia e recursos humanos, equipamentos, materiais e medicamentos para pacientes portadores de quadros clínicos mais complexos, os quais demandam assistência semelhante à oferecida em âmbito hospitalar.
Da equipe multiprofissional do Home Care se exige conhecimento científico, experiência profissional e competência técnica, bem como habilidade nas relações inter-pessoais para lidar com as emoções e valores dos pacientes e familiares. A equipe possui um papel fundamental no atendimento domiciliar, devendo conhecer a situação real do doente, aproximando familiares, esclarecendo as dúvidas, propiciando conforto e ajudando na reabilitação do paciente. Todos devem participar desta situação, que é nova para os familiares. Além disso, é preciso ter a prerrogativa de educar os envolvidos neste processo, tanto o paciente quanto seus familiares, para que se obtenha uma resposta mais adequada ao tratamento, possibilitando assim o sucesso dos serviços, com uma maior integração entre pacientes e familiares.
O pioneiro em atendimento domiciliar no Brasil foi o Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo em 1967, tendo como objetivo principal reduzir o número de leitos ocupados. Para tanto, foi implantado um tipo restrito de atendimento domiciliar, englobando os cuidados de baixa complexidade clínica. Mas somente em 2002 a Lei nº 10.424 regulamentou a assistência domiciliar no Sistema Único de Saúde.
Apesar desta experiência, foi apenas no início da década de 90 que o setor privado começa a reconhecer a importância deste serviço com a criação das primeiras empresas focadas em internação domiciliar, contando com o apoio logístico de equipamentos, materiais, medicamentos e profissionais especializados. Hoje, mais de 100 empresas atuam no mercado brasileiro com diferentes capacidades tecnológicas e os números deverão multiplicar-se por cem nos próximos anos.
Uma das principais vantagens da internação domiciliar em relação à hospitalar diz respeito ao custo. Cálculos feitos com planilhas de custos de seguradoras e planos de saúde revelaram que a redução dos custos em certas doenças atinge valores entre 20% e 60 % comparativamente aos custos hospitalares da mesma enfermidade.
Já se observam, na internação domiciliar, dados que demonstram uma importante redução do tempo da doença do paciente, isto é, a recuperação parece ser mais rápida e mais humana. Esse tipo de atendimento é bom para o paciente porque ele é tratado no seu ambiente natural, com atendimento personalizado 24 horas, no contexto familiar e com uma vantagem enorme, a impossibilidade de o paciente contrair uma infecção hospitalar.
O serviço de Home Care é bom para o hospital, pois permite uma maior rotatividade de seus leitos, abrindo espaço para pacientes instáveis que precisam realmente de leitos em unidades de terapia intensiva (UTI), cirurgias, politraumatizados e outras enfermidades agudas. A otimização de seus leitos acarretará uma maior margem de lucro pelo fato de o hospital não precisar elevar o seu efetivo de pessoal, mas permitirá capacitá-lo melhor com treinamentos mais específicos.
Podemos observar que o Home Care surge como um novo modelo de prestação de serviços de saúde, sendo uma alternativa viável, passando a ser uma tendência, pois à medida que as seguradoras e planos de saúde descobriram que este serviço pode ser utilizado como ferramenta de diminuição de despesas, manutenção da qualidade e mais humanização, passaram a remunerar quase todos os procedimentos de Home Care. Independente do formato de Home Care adotado, a assistência domiciliar é reconhecida como uma importante ferramenta estratégica de gestão no setor saúde.
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